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domingo, setembro 05, 2010




Tudo o que vivi me constitui, ocupa espaço, é parte de mim. Contudo, interesso-me cada vez menos com o que tenho e miro o que ainda me falta. O que sou não me importa tanto, o que posso me tornar, sim. E não falo isso como quem carece de exorcizar o passado e precisa desesperadamente da ilusão de um vindouro feliz. Gostaria de me assemelhar ao nômade ao qual só interessam os horizontes, cujos olhos se ressecam quando forçados a amar o mundo emoldurado por alguma janela diminuta. Sem lonjuras a vida se ressente, se apequena, mesmo que o distante seja apenas uma ilusão como a lua, as estrelas, a verdade ou o amor, como já nos dissera Camus. Pergunto-me quais distâncias restaram em mim e me entristeço quando as vejo tão próximas, decrépitas e como temo aquelas que ainda se preservam intactas, mesmo que outrora fossem tão próximas...