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terça-feira, julho 10, 2012


Minha nudez não está desnuda. Tenho eras de poeira ocultando cada parte de mim. A pele está quebradiça como o solo árido do sertão. A mera insinuação de um o toque a exaspera como a promessa do orvalho que jamais se cumpre flagela a alma do retirante. Meus olhos estão lacrados uma penumbra vil. Diviso apenas pequenas mechas de luz em meio a uma imensidão sem tom e sem forma. Não contemplo senão o mesmo semblante desbotado do mundo todos os dias. Meu lábios estão sepultados por camadas infindas de folhas secas, depositadas alí por um outono incessante e inclemente, que impõe morte sobre morte. Os sons são como repetições amordaçadas de notas distantes, tessituras grotescas e inclementes como de uam voz que há muito se calou... Mas qual é o mal disso? Não desejo as alturas iluminadas por preces. Abomino a ordem martelada da moral tacanha de sempre. Pertenço à terra, ao pó, ao caos, à dúvida... Quando de fato conseguir assumir isso me sentirei desnudo de tudo.