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quinta-feira, julho 14, 2011




A noite requer uma última palavra. Não posso embalar seu sono. Não verei seus olhos se cerrarem e não poderei sussurrar sonhos bons em seus ouvidos. Não poderei brincar com a direção de seus cabelos, tampouco aninhar-me neles. Não me será permitido cobrir seus pés que teimosos escapam das cobertas e cujos dedos tateiam trêmulos e sorrateiros o frio da madrugada. Não posso roubar seu calor e dar-lhe em troca o meu. Não traçarei novas rotas em sua pele conduzindo de leve seus medos sobre a superfície perfumada de seu corpo. Não ouriçarei a penugem sutil que lhe recobre a nuca. Não poderei tomar para mim o pesadelo que lhe constrange as feições, sonhá-lo e devolvê-lo cândido a você. Não consigo lhe oferecer minha cantiga feita beijo em seu rosto reclinado sobre o dorso de Morfeu. Não lhe apresentarei o dia que nascerá sobre nós. Você despertará ao longe e eu adormecerei nessa ausência cheia de você mais uma vez...

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