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domingo, julho 10, 2011




A noite se adensa lá fora. Os últimos vestígios da tarde se esvaem e o céu se cobre de uma suave renda negra salpicada de vazios luminosos. O vento silva na janela carregado de tinta e de asfalto. Há névoa. Quase nenhuma, uma parede diáfana entre mim e o mundo lá fora. Aqui, poesia barata, rasteira, mais necessidade do que arte, se é que esta não é outra coisa senão necessidade em seu estado mais puro, ou seja, sobrevivência. Ninguém contempla e exibe a própria pequenez à toa - na verdade iria escrever mediocridade, mas fui acometido por um estranho senso de amor-próprio, muito raro nesses dias devo admitir. Tento em vão preencher a mente com alguma pretensão grandiosa: livros, prazer desmedido e livre de ressacas morais, dominação do universo, felicidade... Vãs. Pretendo soar altivo a mim mesmo. Elenco conquistas. Zombo de memórias. Celebro minha superioridade de alcova, mérito da estupidez generalizada que grassa atualmente. Quero pegar algum livro inconcluso. Ou recorrer aos remédios de sempre. Ao final apenas durmo, rezando para não sonhar de novo o mesmo sonho requentado no qual minha realidade parou, cujo momento conheço com uma matemática malsã

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