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domingo, janeiro 21, 2007

Esquecimento...




Negligências são impiedosas. Inexistem remissões, ritos purificadores, asceses, mortificações ou deuses capazes de perdoá-las. Rasgar as vestes, recorrer ao artifício dos poemas, jogar as cinzas da confissão e do desespero sobre a cabeça, berrar atos de contrição decorados ou espontâneos... nada sana as negligências. Os esquecidos se ressentem esquecendo.
Por ventura a técnica prodigiosa sintetizou alguma substância capaz de tapar os buracos com os quais minamos o tempo? Será que alguma religião recebeu do eterno liturgia pungente o bastante para comover aqueles que esquecemos, e dos quais, agora, mendigamos tolerância? A filosofia terá nos ofertado a palavra que esmorecerá a certeza da ausência, ludibriando com estratagemas lógicos as horas solitárias passadas cortejando-se a espera? Será que aqueles aos quais canto essa elegia lembrar-se-ão ou quererão ouví-la?
Esquecimento...

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