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domingo, janeiro 21, 2007


Faz muito tempo.
Talvez quase nada.A
s horas mergulham dos ponteiros.
Os abismos do tédio e da solidão
As recebem com fragoroso silêncio.
Antes de se extinguir,
O instante cantou a brevidade de sua juventude
E pereceu engasgado sem antes ter sido ouvido.
Mas por que fatigar-se com as horas,
Quando a vida escandaliza a precisão dos segundos?
Sempre Indócil.
Não lhe apetece contar-se.
Deseja converter-se em memória;
E assim guardar os beijos furtados nos cantos dos lábios
E as lágrimas na cabeceira dos cílios.
Despreza a dissimulada rigidez dos retratos.
A imagem estagnada de pó e de tinta.
Sob a ânsia da lembrança a vida abraça o meretrício.
E lá se deleita em despir o tempo.
Rasgá-lo em formas e desejos,
E vê-lo nu, os números em pêlo.
Deitá-lo em solidão, de volúpia entre os braços.
Mas como amante traído,
O deus que passa-não-passando,
Coloca-lhe, bem debaixo do travesseiro,
A rosa da saudade,
Cujos espinhos lembrarão à vida
A sina atroz de ser passado.

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